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Dom Quixote de burnout

Opinião
08 Janeiro 2024
08 Janeiro 2024

Por Paulo César Corrêa Borges

No infantil, fundamental, médio ou superior,

Dom Quixote quer mudar o mundo,

Cercado por burocracias e burocratas,

Cercado por siglas como HTPC, ATPC, PPP

E acaba envolto por SMRT.

 

Dói. Dói muito. Mas tem que produzir,

Aprovar em série, num mundo globalizado,

Perdido em resultados e adoentado,

Ainda consegue implementar projetos

Com o que tem e com o que não tem.

 

Atacado e até violentado no seu trabalho

Nas escolas, nas ruas, campos e construções,

Até ceifarem sua vida, concretamente,

Ou com o adoecimento que antecipa

E dissipa suas ilusões.

 

Mas vários Quixotes teimam,

Dia a dia, num processo libertador e emancipatório.

Imitando os Quixotes que os formaram,

Apesar da frustração pessoal e profissional,

Que esconderam, aos próprios olhos,

 

Por amor, alegria e ilusão,

Diante do próximo em formação,

Pela mudança no ser humano, em transformação,

Compensando a desilusão passageira

Com a docência alvissareira.

 

Ah, Dom Quixote…

Se não fosses tu

A lutar contra o moinho!?

Pois todos já estamos sendo moídos e adoecidos

Pelos moinhos de pedra e sem coração!

 

 0108 Imagem interna Paulo Borges

 


Paulo César Corrêa Borges
ocupa a cadeira nº 10 de Ciências da Academia de Letras, Ciências e Artes (ALCA). Também é coordenador de Associativismo da AFPESP.  

 

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