Nesta segunda-feira (20), Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, o médico João Paulo Becker Lotufo, responsável pelo Projeto Antitábagico do Hospital Universitário da USP e pelo Dr Bartô e os Doutores da Saúde - Projeto de Prevenção de Drogas no Ensino Fundamental e Médio, escreveu um artigo que serve como alerta para a população. Confira abaixo!
Sou João Paulo Becker Lotufo, pneumopediatra e trabalho com a cessação de tabaco, tratando inicialmente os pais fumantes de minhas crianças asmáticas. No decorrer da minha carreira passei a me dedicar à prevenção do álcool, porque atendi em um ano seis comas alcoólicos no meu consultório.
Conversando com alunos de uma escola em São Paulo, perguntei-lhes o porquê dos seus pais e avós terem começado a fumar e a beber quando eram adolescentes. E eles me responderam:
- Porque fumar e beber era chique e sexy;
- O cigarro era considerado charmoso;
- O cigarro e o álcool tinham glamour;
- Fumar e beber dava prazer;
- Fumar acalmava;
- O cigarro e o álcool eram formas de socialização;
- A maioria das pessoas fumava e bebia (fake news);
- Achavam que tabaco não viciava e o álcool tudo bem;
- Não conheciam os problemas de saúde causados pelo cigarro ou pelo álcool.
Perguntei-lhes o porquê do adolescente de hoje estar querendo fumar cigarro eletrônico (CE) e a beber cada vez mais cedo. Não souberam responder. Então eu mesmo respondi a eles:
- Porque fumar e beber era chique e sexy;
- O cigarro era considerado charmoso;
- O cigarro e o álcool tinham glamour;
- Fumar e beber dava prazer;
- Fumar acalmava;
- O cigarro e o álcool eram formas de socialização;
- A maioria das pessoas fumava e bebia (fake news);
- Achavam que tabaco não viciava e o álcool tudo bem;
- Não conheciam os problemas de saúde causados pelo cigarro ou pelo álcool.
É tudo igual, tudo se repete. A iniciação precoce, o excesso de bebida em casa, a facilidade em obter e a falta de punição facilita o uso precoce do álcool.
O grande problema é que as informações reais e científicas não chegam à população. A informação que se tem sobre muitas coisas e, inclusive, o cigarro eletrônico é pela internet. Ele tem mais nicotina do que o cigarro comum. E aí as fake news preponderam.
As fake news sobre drogas vem aumentando a cada ano. Aí está o “conhecimento” dos jovens, dos pais e até de muitos médicos.
O tabaco e o álcool existem há séculos e a dependência à nicotina e ao álcool também.
Esta indústria do álcool não tem limites. A propaganda é voltada para o jovem e ligada ao sucesso e ao esporte. Conseguimos tirar a propaganda do tabaco da mídia, mas ainda existe a propaganda indireta.
Um garoto perguntou ao pai: “O que é ser brameiro?”, pois a propaganda de cerveja da época – retirada após dois meses por conflitar com a propaganda para crianças – dizia: “O meu sucesso é que eu sou brameiro”.
O estrago já tinha sido feito. O lobby do álcool no Congresso Nacional não nos permite dar limites à indústria. Temos uma ideia do porquê disto. Quem está na Cracolândia é dependente em 70% das vezes do crack, do álcool e da maconha. A maconha e o álcool lesam o cérebro.
Quando se pergunta aos jovens qual é a droga que faz menos mal, eles logo dizem: a maconha e o álcool.
Não é alcoólatra só aquele que bebe todo dia. Uma parte da população é “binge drinking”, ou seja, bebe em excesso.
Quando pergunto aos pais e jovens: “Quem já bebeu e dirigiu nos últimos anos?”. A resposta é: a maioria. A falta de exemplo é fundamental para a iniciação precoce.
No site www.drbarto.com.br há um livro com os 12 passos para evitar uma vida complicada pelas drogas. São fatos corriqueiros com embasamento científico para acompanhar seus filhos desde pequeno, mas nunca é tarde para começar. São eles:
1. Família unida e com limites;
2. Fazer as refeições com os filhos;
3. Saber o que seus filhos fazem nas horas vagas;
4. Verificar os deveres dos filhos;
5. Investir no relacionamento familiar;
6. Elogiar seus filhos sobre o que eles têm de bom;
7. Não fumar e não beber antes dos 18 anos;
8. Aumento de atividades culturais e esportivas;
9. Envolvimento em atividades sociais;
10. Espiritualidade;
11. Bons amigos;
12. Dar o exemplo.
O fumo e o álcool podem ser o início de uma caminhada para outras drogas. Se o jovem precisa deste estímulo em sua caminhada à vida adulta, alguma coisa está errada. O inicio precoce das drogas (o que inclui o álcool) antes de o cérebro estar formado leva a uma maior chance de problemas e dependência. No exterior, a indústria do álcool respeita a idade de 21 anos para início.
Se estou na terceira idade, por que me preocupar com a bebida alcoólica?
Porque os avós são exemplos para filhos e netos e se você fumar ou beber em excesso pode influenciar seus filhos ou netos neste caminho. Além disso, parar com os vícios te darão uma qualidade de vida melhor.
Gaste um tempo com sua família e aprofunde-se no conhecimento sobre as drogas para poder trocar ideias com a família. Visite o site www.drbarto.com.br. Você encontrará um material importante para ajudar a conversar com a família.
