Imprimir

13 de Maio é ressignificado como uma história de resistência  

Política
13 Mai 2022
13 Mai 2022
Nos últimos anos, protagonismo de princesa Isabel vem sendo revisto, abrindo espaço para personalidades negras escravizadas que lutaram e resistiram no Brasil

Por Andréa Ascenção
 
O dia em que a "Lei Áurea" foi assinada pela princesa Isabel, 13 de maio de 1888, ficou conhecido como a abolição do trabalho escravo no Brasil, mas, a abolição foi inconclusa e não trouxe reparação para a população negra. Nos últimos anos, a história vem sendo ressignificada.

Diferentemente do que ficou registrado nos livros de história, o 13 de Maio não se trata de uma data para comemoração. O próprio protagonismo da princesa branca, então, regente do Brasil, também funciona como tentativa de apagamento de narrativas negras. 

Ancestralidade

A obra “Rastros de resistência”, de Ale Santos, finalista do prêmio Jabuti em 2020, resgatou a história de grandes heróis negros. Santos trouxe à tona a resistência e o legado de figuras como Zacimba, uma princesa da nação Cambinda, em Angola. Em 1690, ela foi comprada pelo barão José Trancoso, no porto de São Mateus, no Espírito Santo e não demorou para perceberem que os demais escravizados a tratavam de maneira diferente, afinal, Zacimba pertencia à realeza.

Santos conta que o barão a trancafiou, humilhou, torturou e estuprou. Então, contando com a ajuda de escravizados que a conheciam, a princesa liderou uma revolta e usou “pó pra amansar sinhô” – feito com veneno de jararaca – para envenenar Trancoso. Assim, pôde fugir e formar um quilombo, onde hoje se encontra o município de Itaúnas (ES). Durante uma década, a guerreira Zacimba invadiu navios negreiros, para libertar seu povo.

Em entrevista para Poliana Casemiro, publicada no G1, Santos disse: "Essa indicação [ao Prêmio Jabuti] representa uma quebra do paradigma. Uma sociedade que não se assumia racista e que passou a tomar posição. As pessoas estão se tocado que não é normal viver em um país em que você entra em um estabelecimento e todos são brancos. E que a maioria dos pobres são pretos”. O escritor continuou: “A luta antirracista está avançando e a sociedade quer novas histórias. E a gente quer colocar nossa história de um jeito diferente no destaque”.

Compartilhar
Imprimir