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Revolução de 32: uma guerra que deixou um sem número de mortos

Política
09 Julho 2021
08 Julho 2021

No maior conflito armado brasileiro do século 20, paulistas foram derrotados, mas abriram o caminho para a Revolução de 34, que, por fim, garantiu uma nova carta magna

Por Redação

Há 24 anos o Estado de São Paulo celebra, no dia 9 de julho, hoje, a Revolução Constitucionalista de 1932. Na AFPESP, a data é preservada em um espaço de visitação permanente.

Essa história começa na tarde do dia 23 de maio de 1932, quando uma concentração de revolucionários contra o governo provisório de Getúlio Vargas chegou a Praça do Patriarca, na cidade de São Paulo. Entre eles, estavam principalmente cafeicultores, estudantes e comerciários reivindicando a implantação de uma nova constituição e a convocação de eleições presidenciais. Eles incendiaram as sedes de jornais nos arredores. Depois, se dirigiram para a Rua Barão de Itapetininga, número 70, quase na esquina com a Praça da República, onde estava a sede do Partido Popular Paulista (PPP) – um partido de centro-esquerda, que era o braço militar de Getúlio Vargas – e que serviria de palco para o estopim da Revolução Constitucionalista de 1932. Ao ameaçarem invadir a sede do PPP, os integrantes do partido atiraram para matar o povo. Quatro estudantes mortos ficaram conhecidos por suas iniciais: Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antonio Américo de Camargo. Eles se tornaram o MMDC, mártires e símbolo da revolução. Mais tarde, em 2004, Orlando de Oliveira Alvarenga – outra vítima, que na época faleceu em decorrência dos ferimentos causados pelo PPP –, teve seu nome incluído ao movimento (MMDCA).
O luto deu origem ao nascimento da Milícia Civil Paulista. Pouco tempo depois, no dia 9 de julho, eclodiu um conflito armado, também chamado de Revolução Constitucionalista de 1932, sob o comando dos generais Bertolo Klinger e Isidoro Dias. Apesar de 200 mil paulistas terem se alistado voluntariamente, por razões econômicas, não havia armamento suficiente para todos. Apenas cerca de 40 mil entraram em campo de batalha contra o exército de 100 mil homens do governo brasileiro – avassaladoramente superior em número de contingente, armas e treinamento. As tropas paulistas improvisaram armamentos como o “Fantasma da Morte”, que era um trem blindado com canhões e metralhadoras. Chegaram a usar matracas para simular o som de metralhadoras e intimidar os inimigos. Recursos doados aos combatentes foram empregados na compra clandestina de aviões usados para missões de patrulha e bombardeio. O combate aéreo que se sucedeu pode ter sido o primeiro da América Latina. Até o dia 2 de outubro daquele ano, pelo menos 890 revolucionários morreram nos combates, mas há historiadores que estimam mais de mil.

Apesar da derrota militar, os revolucionários não deixaram o lema “São Paulo livre e civil” morrer, abrindo caminho para que Getúlio Vargas convocasse a Assembleia Nacional Constituinte em 1934.

Assista abaixo a homenagem da AFPESP aos revolucionários:

Galeria Jorge Mancini

Um dos paulistas que pegou em armas para lutar pelo regime democrático em 1932 foi o técnico em cooperativismo e associado da AFPESP desde 1948, Jorge Mancini. Ele ocupou o posto de Capitão do Exército Constitucionalista Paulista. Depois, organizou, fundou e presidiu a Associação dos Ex-Combatentes de São Paulo, com o objetivo de defender direitos e pleitear reconhecimento aos ex-combatentes e seus familiares.

Mancini colecionou documentos e objetos referentes à Revolução Constitucionalista de 1932, percorreu diversas cidades paulistas com sua “Exposição de 32” e chegou utilizar a sede da AFPESP para expor sua coleção. Três anos antes de falecer, em 1990, Mancini doou suas relíquias para a AFPESP. Desde então, mais peças vêm sendo acrescentadas e expostas na Galeria Jorge Mancini, que leva o nome de seu maior doador.

Serviço

Galeria Jorge Mancini

Endereço: rua Venceslau Brás, 206, Saguão,  Sé – São Paulo/SP

Horário de Funcionamento: de segunda à sexta-feira, das 9h às 16h. Exceto feriados.

Visitas monitoradas podem ser agendadas pelos telefones: (11) 3293-9568 ou 3293-9582.

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