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Equipe de saúde pública faz cirurgia inédita de separação de siamesas

Saúde
22 Abril 2021
22 Abril 2021

Pais de gêmeas vieram de Rondônia para o HC de São Paulo atrás de infraestrutura e profissionais capacitados para realizem o parto e a cirurgia de separação do tronco das filhas. O caso é raro, como o das siamesas que nasceram grudadas pelo topo da cabeça e foram separadas pela equipe do HC de Ribeirão Preto, em 2018

Por Redação

No último domingo, dia 18 de abril, o Fantástico noticiou o caso das gêmeas siamesas Sara e Eloá, que nasceram unidas pelo tronco, compartilhando o fígado e uma válvula que conectava seus corações. Os pais, Vanderson Maia e Jaqueline Naiara Camer, saíram de Alvorada do Oeste, interior de Rondônia, em busca de assistência médica para realizar o parto e a cirurgia de separação das meninas. Eles foram atendidos por uma equipe de mais de 40 profissionais dos Institutos da Criança, Central e do Coração (Incor), que fazem parte do Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), comandados por Marcelo Jatene, cirurgião cardíaco pediátrico no Incor.

No dia 23 de setembro de 2020, Jaqueline deu à luz com o suporte da equipe de saúde pública, que também fez tomografias capazes de reconstituir tridimensionalmente os órgãos das gêmeas. Eles estudaram, se programaram e fizeram uma simulação in loco de como seria a cirurgia, que depois de 8 horas, separou Sara e Eloá.

Apenas uma a cada 50 mil gestações são de gêmeos siameses. As cirurgias para separá-los são de alta complexidade, apresentam risco de morte e, neste caso, foi inédita no Brasil.

Sara, recebeu alta prestes a completar sete meses. Na semana passada, foi para casa, em Rondônia, com o pai. Já a irmã, Eloá, permanece no hospital, acompanhada pela mãe, pois ainda precisa de fisioterapia e de um suporte respiratório, que, aos poucos, deixará de usar.

Essa não foi a primeira cirurgia em gêmeas siamesas inédita no Brasil e em um hospital público no estado de São Paulo. Em 2018, uma equipe médica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, separou Maria Ysabelle e Maria Ysadora, que nasceram grudadas pelo topo da cabeça. Foi a primeira cirurgia de gêmeos craniópagos realizada na América Latina.

O caso é ainda mais raro. De acordo com o Portal do Governo, Hélio Machado, chefe da equipe com 30 profissionais responsáveis pela operação – entre eles neurocirurgiões, neurologistas, anestesistas, cirurgiões plásticos, intensivistas e enfermeiros –, disse que uma entre duas milhões de crianças nascem unidas pela cabeça.

Os pais de Maria Ysabelle e Maria Ysadora, naturais de Aquiraz, no Ceará, vieram para São Paulo para que as filhas pudessem ter acesso às cinco etapas da cirurgia. Enquanto a família das gêmeas ficou hospedada no campus da USP, as meninas passaram por exames complexos de ressonância magnética, que foram enviados à equipe do neurocirurgião e referência mundial no assunto, James Goodrich, do Montefiore Medical Center, em Nova York. Posteriormente, a equipe do HC desenvolveu um molde tridimensional em acrílico, com veias e artérias das crianças, que ajudaram a planejar as cirurgias.

Em 17 de fevereiro de 2018, a primeira fase ficou restrita à separação vascular das irmãs, dessa maneira as veias de cada uma ganharam tempo para se reorganizarem até o próximo procedimento. A segunda e a terceira fase, duraram 8 horas cada, em 19 de maio e em 3 de agosto, respectivamente. A quarta etapa, em 24 de agosto, garantiu que as meninas tivessem elasticidade suficiente na pele para cobrir os dois crânios quando a quinta cirurgia fosse realizada, em 27 de outubro, para separar totalmente os corpos.

Em maio de 2019, a família foi liberada para voltar para Aquiraz. Hoje em dia, Maria Ysabelle e Maria Ysadora frequentam o HC de Ribeirão Preto apenas para consultas de rotina.

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