Unidades de lazer que hospedam associados da entidade já têm desempenho melhor do que a média nacional do setor de hotelaria
Por Ricardo Viveiros & Associados*
Neste ano, a AFPESP deu um passo decisivo em sua agenda ambiental, ao concluir o primeiro Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Trata-se de um levantamento inédito, abrangendo desde a sede administrativa até as unidades de lazer, que hospedam seus associados em destinos turísticos paulistas e de Minas Gerais.
“O estudo revela, com precisão, o impacto climático das operações e estabelece o ponto de partida de uma jornada que mira a neutralidade de emissões até o início da próxima década”, ressalta Artur Marques, presidente da entidade. Em 2024, as atividades da associação emitiram 2.822 toneladas de CO₂ equivalente. Do total, 74,4% correspondem a emissões diretas, como combustíveis e gás, e 25,6% referem-se ao uso indireto, relativo à compra de energia elétrica.
Segundo o inventário, as unidades de lazer concentram a maior parte das emissões, embora apresentem desempenho melhor do que a média nacional do setor de hotelaria. Enquanto os hotéis brasileiros emitem cerca de 8,5 quilos de CO₂ equivalente por unidade habitacional/dia, a AFPESP registra 4,7, pouco mais da metade. “O resultado decorre de iniciativas já consolidadas, como aquecimento solar, gestão eficiente de energia, manutenção contínua e preservação de áreas verdes”, explica o coordenador de Meio Ambiente da entidade, Gilberto Natalini.
Artur Marques acrescenta que o inventário representa “um marco institucional e uma ferramenta de planejamento estratégico”. Segundo ele, a agenda climática não é mais uma escolha, mas sim uma responsabilidade de todos. “Medir nossas emissões é o primeiro passo para reduzir, compensar e, cada vez mais, operar dentro dos limites ambientais. Estamos olhando para os próximos 100 anos da AFPESP com a convicção de que sustentabilidade é um eixo central da nossa modernização”, afirma.
Preservação de áreas verdes
Um dos destaques do levantamento é a preservação de 81 hectares de vegetação nativa, área capaz de sequestrar 493 toneladas de carbono por ano. Em alguns casos, essa captação supera as emissões geradas localmente. É o caso da Unidade de Lazer Fazenda Ibirá, no interior paulista, que registrou 42,32 toneladas emitidas e 96,99 sequestradas, alcançando emissões líquidas negativas. Foi a primeira da AFPESP a atingir esse patamar.
Para Gilberto Natalini, o inventário inaugura uma nova fase na gestão ambiental da associação. “Criamos uma base sólida de informação. A partir dela, podemos definir metas exatas, priorizar investimentos e monitorar resultados de modo permanente. A AFPESP está se alinhando às melhores práticas internacionais, integrando sustentabilidade às decisões do dia a dia e adotando o GHG Protocol, referência global para empresas, governos e outras organizações medirem e reportarem suas emissões de GEE”.
O estudo também projeta os próximos passos. Com a combinação de iniciativas como os projetos Nova Energia e Raízes do Futuro, que incluem a adoção de fontes mais limpas e o plantio de 39 mil árvores, a entidade estima reduzir até mil toneladas de CO₂ equivalente por ano. Se mantido o ritmo planejado, as emissões líquidas devem cair pela metade até 2026 e chegar a zero em 2030.
Artur Marques reforça que a meta é compatível com o papel social da AFPESP e sua responsabilidade como entidade representativa do funcionalismo público, que deve dar exemplo. “Somos uma associação quase centenária, com presença no Estado inteiro e forte impacto regional em cada unidade de lazer. Fazer a transição para operações de baixo carbono é honrar nossa história e preparar o futuro que nossos associados esperam. É eficiência, é cuidado ambiental e é referência”.
O inventário inaugura oficialmente a jornada da AFPESP rumo ao net zero. É um propósito que, segundo Natalini, “não começou com o nosso levantamento, mas se viabiliza a partir dele”.
*Assessoria de imprensa da AFPESP