Foi numa tarde fria de inverno, num tempo nublado e sem sol, que eu tive o ímpeto de pegar um agasalho a mais e levar para “aquela moça”.
Sem nunca ter me pedido nada, em minha cabeça soava uma voz: leva um agasalho, leva um agasalho...
Ao chegar no determinado lugar a vejo como imaginava, sem blusa, apenas portando um vestido de tecido fino, com os pés e mãos frios como gelo.
Cumprimentei-a como de costume, num abraço fraterno e caloroso, e perguntei como quem não quer nada se ela não estava com frio. E de pronto ela me respondeu que não, mesmo estando encolhida e esfregando as mãos em seus braços.
Ofereci a ela a sacola e disse-lhe ter levado um presente. Ela pegou toda feliz e com um sorriso de uma criança se encantou com o novo agasalho e me perguntou se podia vesti-lo.
“Aquela moça” é uma Pessoa com Necessidades Específicas (PNE), carinhosa e muito linda, e ficou mais linda dentro daquele casaco que aqueceu sua alma e meu coração.
E naquela tarde fria de inverno pude praticar o exercício do amor ao próximo, tendo como retorno, e bênção de Deus, a luminosidade de seus lindos olhos azuis.
Janethe Akiko Nakamura Monteiro ocupa a cadeira nº 15, de Artes, da Academia de Letras, Ciências e Artes (ALCA), da AFPESP.