Levantamento da USP mostra influência do ensino básico na sociedade, o que reforça o mérito de servidores no desenvolvimento do país
Por Redação
Um dos principais gargalos do Brasil, a desigualdade, pode ser amenizada a partir de investimento em educação pública. É o que diz levantamento do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made/USP), braço da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA).
Divulgado na sexta-feira (30), o estudo indica que educação reduz em até 9,6% o índice de Gini, que mede a disparidade de renda – em escala que vai de 0 (perfeita igualdade) a 1 (desigualdade completa). Com base em dados de 2017 e 2018, a taxa cairia de 0,568 para 0,513.
O ganho é maior quando o recorte destaca o ensino básico público, uma vez que o índice de Gini é reduzido de 3,08% a 6,27%. Isso significa que investimentos em fases diferentes da formação têm pesos distintos na redução da desigualdade, sendo a primeira etapa escolar a principal responsável pelo avanço social.
O ensino médio também aponta para queda na diferença de renda, de 1,20% a 2,05%. Os resultados mostram o mérito dos servidores da educação no desenvolvimento do Brasil. A área é uma das principais do setor público no atendimento à população, com até 80% dos alunos dos ensinos fundamental e médio matriculados em escolas públicas (Dados da Pnad 2019).
A avaliação do Made/USP é que as famílias mais pobres são as mais beneficiadas com investimento em ensino público, absorvendo até 55% dos recursos destinados à área. Entre os mais ricos, a taxa cai para 12%. A amostra reflete ainda melhoria na questão racial, já que pretos ou pardos são os que mais têm participação nos gastos públicos com educação.
De acordo com os pesquisadores, os mais carentes só podem contar com educação pública. Essa é opinião de Fernando Gaiger, que concedeu entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Ele desenvolveu o estudo com os economistas Theo Ribas, Matias Cardomingo e Laura Carvalho, todos da FEA/USP, novamente destacando a contribuição das instituições públicas para o país.
Em síntese, a pesquisa joga luz sobre fato já conhecido: investir no setor público significa beneficiar diretamente o Brasil. O trabalho dos servidores já tem impacto positivo na vida da população. A tendência é de evolução contínua dos serviços públicos e do bem-estar social com recursos devidamente alocados.
A pesquisa usou como fonte informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), além de investimentos diretos por estudante divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Veja na íntegra.