Pesquisa liderada por pedagoga e pesquisadora da Unesp promoveu formações com docentes e gestores escolares, elaborou materiais de apoio e investigou e escutou os estudantes sobre questões de convivência dentro e fora do ambiente escolar
Por Redação
Em entrevista para Maggi Krause, da Rede Galápagos, publicada no site do Itaú Social, a pedagoga Luciene Regina Paulino Tognetta, que liderou a pesquisa “A Convivência como Valor nas Escolas Públicas: implantação de um Sistema de Apoio entre Iguais” explicou que a principal estratégia adotada para lidar com questões de convivência, como bullying e racismo, foi ouvir os próprios estudantes sobre seus sofrimentos emocionais e tratá-los como protagonistas da solução.
“Seguimos a epistemologia genética piagetiana, que defende trabalho em grupo em ambiente colaborativo e a construção da identidade a partir da ação do sujeito. O professor instituir um dia para falar de racismo é muito diferente de quando os estudantes são chamados para pensar estratégias para lidar com ele. Por isso o protagonismo e a valorização das relações entre pares são tão necessários nas nossas escolas”, explicou a pedagoga.
Tognetta também é líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem), que contou com o financiamento do Itaú Social e da Fundação Carlos Chagas (FCC) para a organização de diversas iniciativas.
“Nas pesquisas qualitativas que fizemos, ficou evidente em depoimentos de alunos quanto eles aprendem. Uma das meninas disse que ‘participar das equipes de ajuda faz diferença, é para levar para a vida toda. Se em casa tenho um problema com meu irmão ou um conflito no acampamento, eu penso no treinamento que tive e vou resolver o problema’. Fomos procurados pela Faculdade Getúlio Vargas, pois apareceram situações de homofobia e assédio nas festas e alguns alunos disseram que poderiam ajudar a resolver (tinham participado da equipe de ajuda do Colégio Bandeirantes). No município de Sumaré, escolas do Sistema S relataram a mesma atitude de ex-alunos da escola pública que tinham passado pelos grupos do Gepem”, contou a pesquisadora.
Em novembro de 2021, estudantes que constituem uma equipe de ajuda do Gepem organizaram a publicação do livro “O que Cabe em um Abraço?”, que foi distribuído para 29.500 alunos dos anos finais do ensino fundamental no estado de São Paulo.