Por Paulo César Corrêa Borges
No infantil, fundamental, médio ou superior,
Dom Quixote quer mudar o mundo,
Cercado por burocracias e burocratas,
Cercado por siglas como HTPC, ATPC, PPP
E acaba envolto por SMRT.
Dói. Dói muito. Mas tem que produzir,
Aprovar em série, num mundo globalizado,
Perdido em resultados e adoentado,
Ainda consegue implementar projetos
Com o que tem e com o que não tem.
Atacado e até violentado no seu trabalho
Nas escolas, nas ruas, campos e construções,
Até ceifarem sua vida, concretamente,
Ou com o adoecimento que antecipa
E dissipa suas ilusões.
Mas vários Quixotes teimam,
Dia a dia, num processo libertador e emancipatório.
Imitando os Quixotes que os formaram,
Apesar da frustração pessoal e profissional,
Que esconderam, aos próprios olhos,
Por amor, alegria e ilusão,
Diante do próximo em formação,
Pela mudança no ser humano, em transformação,
Compensando a desilusão passageira
Com a docência alvissareira.
Ah, Dom Quixote…
Se não fosses tu
A lutar contra o moinho!?
Pois todos já estamos sendo moídos e adoecidos
Pelos moinhos de pedra e sem coração!
Paulo César Corrêa Borges ocupa a cadeira nº 10 de Ciências da Academia de Letras, Ciências e Artes (ALCA). Também é coordenador de Associativismo da AFPESP.