Por Feres Sabino
O Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor, 23 de abril, estimula importantes reflexões. Nossa cultura cristã ensina que somos feitos à semelhança de quem nos criou. Com certeza, é por isso que guardamos um pedaço dessa potencialidade, que nos inspira ou nos leva de modo natural ao ato de criar, como pessoa e particularmente como autor de uma obra considerada de arte.
Autor de quê? De tudo o que possamos fazer para deixar nossa impressão digital nas paredes da vida, em especial o que se pode fazer para densificar, como numa síntese redentora, a beleza de um livro, ou de uma frase, de um quadro, de uma estatueta, de um desenho, de uma construção de pedras, de um poema, de uma música popular ou clássica, de uma pintura como aquela das mãos dadas ou daquela paisagem, ou da descoberta cientifica, ou daquele rosto que atrai nossa atenção, desejosa de capturar o espírito manifesto naquela expressão de beleza.
Os autores do livro ou da sua tradução podem ser contados pelas quantidades existentes numa livraria, ou pela imensidão exposta em um museu. Ambos são os lugares do mérito acumulado, naquela variedade imensa que ocupa paredes, balcões e prateleiras, trazendo o antigamente para o hoje, lançando o hoje para o futuro.
O Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor é celebrado em 23 de abril em alusão ao fato de que nessa data, em 1616, morreram dois ícones da literatura mundial: Cervantes e Shakespeare. Porém, o franciscano Pierre Theilhard de Chardin (Orcines, 1/5/1881 - Nova Iorque, 10/4/1955) agrega um significado ímpar à celebração. Arqueólogo, filosofo e teólogo, defendeu a visão integradora do universo, do mundo e dos seres e a ideia de que Criação não é um ato consumado.
Portanto, a obra da Criação continua sendo criada... com a inspiração espontânea ou com a disciplina de cada autor.
Feres Sabino é advogado, jornalista, orador, coordenador da Secretaria Geral da Diretoria Executiva da AFPESP e ocupante da cadeira nº 12 de Letras da Academia de Letras, Ciências e Artes (ALCA-AFPESP).