Por Irene Zanette de Castaneda
O mundo inteiro foi afetado pela pandemia do coronavírus. Haverá um tempo para terminar a disseminação? Não. Creio que não. A população mundial ainda não tomou consciência do que seja realmente uma pandemia. A educação nas escolas, nem sequer mencionam outros destes acontecimentos na história. Já houve muitas pandemias no mundo com milhares, milhões de mortes. Hoje, a humanidade vive de esperança, de fé, pouca atitude.
Porém “aquela” parece que veio para ficar, causando crises econômicas, sociais, educacionais, ambientais, sanitárias, familiares, na saúde e comportamentais. O distanciamento social e o uso de máscara não têm sido levados muito em conta. Paradoxalmente, tal isolamento prejudicou os amigos e os familiares afastando-os. Nada de passeios, encontros, abraços e beijos, diálogos e trocas de carinho. Os amigos e os familiares separaram-se. A comunicação à distância tem sido meramente virtual com telefone celular, tablets, videoconferências, trabalhos profissionais, educacionais. Tudo on-line. É o homem conversando com a máquina.
Ao mesmo tempo, e com grande velocidade, a ciência, a tecnologia, a biologia, a química e a genética fizeram muitas descobertas. Para essas atividades, o tempo tem que ser curto sobre o essencial. Houve crescimento da leitura com livros digitais. E as relações interpessoais? Serão motivos para reflexões sobre a vida, sobre a fraternidade e os valores humanos? Estaria a humanidade passando por um momento de transição? As guerras acabarão? Haverá respeito mútuo pós-pandemia? As relações familiares e entre amigos voltarão melhores? Teremos liberdade individual? Segurança? A mídia televisiva continuará nos enganando? A corrupção acabará entre os políticos? Seremos nós quem buscaremos ajuda ou vamos ajudar uns aos outros? O egoísmo, “a maior chaga da humanidade”, terá fim? Haverá justiça e amor de verdade? Acabarão os fanatismos dogmáticos, esportivos e os preconceitos? Chegaremos à perfeição e encontraremos a felicidade? A morte avassaladora do homem, no mundo inteiro, será um meio de chegar à transformação de mentalidade? Depois que quase todos morrerem, haverá renascimento do paraíso? Será esta uma forma de regeneração do planeta? Do meio ambiente? Camada de ozônio? Desmatamento? E a arte? A poesia, a música, o teatro e o cinema voltarão a harmonizar o ambiente humano?
O homem angustiado busca respostas para tantas perguntas. Ele está vivendo um susto amedrontador e vive na incerteza do futuro. O mundo passa por grande aflição. A pós-pandemia, se levada a sério, com novos hábitos humanos, poderá dar a chance, depois de tanta morte, de haver o renascimento de uma nova mentalidade como uma nova florada da primavera.
Irene Zanette de Castaneda é Doutora em Letras (Literatura Portuguesa e Brasileira), Mestrado em Estudos Literários. Escritora, Professora Universitária, Colunista do Jornal Primeira Página de São Carlos, poeta da Academia de Letras, Ciência e Artes da AFPESP ocupando a cadeira nº 01 – Categoria: Letras e patrono: Monteiro Lobato. |