Dados mostram que brasileiros estão fumando menos, o que é motivo de celebração neste Dia Mundial Sem Tabaco
Por Leandro Silva
A população brasileira diminuiu o consumo de cigarros nas últimas três décadas. O índice de prevalência fumante caiu 72,5% e 74,7%, entre homens e mulheres com idade superior a 15 anos, respectivamente, de 1990 a 2019. Os dados são da revista científica britânica The Lancet.
O mais recente estudo da publicação, divulgado em 27 de maio, mostra o Brasil na liderança de países com redução significativa do tabagismo em ambos os sexos. Realizada em 204 nações, a pesquisa aferiu o comportamento das pessoas em relação ao fumo, bem como doenças subsequentes.
Globalmente, 1,1 bilhão de pessoas eram fumantes em 2019. De acordo com a Lancet, o uso de cigarro causou a morte de 7,6 milhões de pessoas naquele ano em todo o mundo e deixou outras 200 milhões doentes. As principais enfermidades são câncer de pulmão e obstrução pulmonar.
O Brasil, no entanto, é visto com otimismo. O país é lembrado, ao lado apenas da Turquia, pelas políticas públicas de combate ao tabaco, como aumento do preço por meio de impostos, advertência nas embalagens e restrições à publicidade. “Apenas dois países implementaram todas as medidas de redução de demanda”, afirma o estudo.
O cenário é motivo de celebração, sobretudo nesta segunda-feira (31), Dia Mundial Sem Tabaco. A data foi criada em 1987 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em sinal de alerta sobre as doenças e mortes evitáveis pelo uso do cigarro.
“Recebemos a pesquisa com alento. Embora o número de fumantes ainda seja considerável no Brasil, essa indicação de mudança é animadora. É um sinal de que nossos esforços para conscientização geral sobres os males do cigarro estão surtindo efeito”, avalia o presidente da AFPESP, Álvaro Gradim, que é médico pneumologista.
Nacionalmente, o Dia Mundial Sem Tabaco é difundido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), ligado ao Ministério da Saúde. Todos os anos o órgão prepara campanhas de informação sobre dependência química causada pela nicotina. Uma das estratégias para controlar a mazela é o foco em tratamento.
Em 2021, o Inca destaca uma lista da OMS com 100 razões para deixar o cigarro. Além de o risco de morte, as orientações mostram ameaças à fertilidade, à aparência física, ao orçamento familiar, entre outros problemas. Um avaliação que merece atenção é que o tabaco pode afetar todos os órgãos do corpo, não apenas os pulmões.
São mais comuns doenças de boca, nariz e garganta. "Toda a área da cabeça e pescoço tem mais risco de desenvolver problemas, a despeito de não ser a única. Os efeitos do cigarro são altamente nocivos à saúde humana", alerta o instituto.
A expectativa de vida de um fumante é em média 10 anos menor na comparação com não fumantes. “A cada tragada em um cigarro, toxinas e carcinógenos são liberados no corpo, dos quais ao menos 70 substâncias são conhecidas por causar diversos tipos de câncer”, diz a campanha vigente.