Ação de Margareth Mogami, fisioterapeuta do Hospital do Servidor Público Estadual, vira destaque em telejornal da TV Globo
Por Otávio Augusto Rodrigues
Logo no início da pandemia, a associada da AFPESP e fisioterapeuta Margareth Mogami reuniu sua família em casa, e, para desestressar, decidiu fazer, junto aos filhos, mil origamis de tsurus. Inicialmente, as dobraduras seriam penduradas para enfeitar a sala de fisioterapia do Hospital do Servidor Público Estadual, onde trabalha, no entanto, o espaço foi reajustado. Margareth precisou ajudar na linha de frente dos atendimentos para casos de Covid-19 e acabou guardando os pássaros de papel.
Em janeiro de 2022, quase dois anos depois, a vacinação infantil contra a Covid-19 para crianças entre 5 e 11 anos teve início nos postos de saúde e hospitais de São Paulo. Foi aí que Margareth se lembrou dos tsurus de origami que havia feito. Tirou o pó da caixa em que eles estavam e começou a distribuir à criançada que tomava a vacina no hospital. Foi um verdadeiro sucesso.
Origem
Consideradas aves sagradas pela mitologia japonesa, os pássaros tsurus — ou grous em português — acompanhavam, segundo uma das lendas, os monges eremitas místicos que meditavam no cume das montanhas, e, como regalia pelo companheirismo, eram agraciados pelo poder de viver mais de mil anos. A partir dessa e de outras crenças, os tsurus viraram símbolo de saúde, boa-sorte, vitalidade e longevidade no Japão.
Outra história passada de geração para geração conta que a pessoa que fizer mil exemplares dos pássaros em origami (tradicional técnica artística japonesa de dobradura de papel), mantendo o pensamento focado em um desejo, o tornará realidade.
Entregar a alguém um tsuru é uma forma de desejar à pessoa saúde, vitalidade e longevidade, aspirações importantes nos tempos em que vivemos. Angustiada pelo cenário pandêmico, Margareth, que é filha de migrantes japoneses, se permitiu acreditar.
“Ver a carinha das crianças recebendo foi uma coisa muito gostosa. Para mim, foi libertador. Eu estava entregando os tsurus e vendo se concretizar um desejo que fiz no começo da pandemia, quando pedi pela cura e melhora da situação, em um momento que eu estava muito angustiada, ansiosa e não sabia o que viria”, ressaltou Margareth.
Os pequenos adoraram o presente, que acompanhava também um “certificado de coragem”. Eram novos ótimos motivos para se vacinarem. A procura pelos origamis foi tanta, que, para dar conta da demanda, a fisioterapeuta teve que levar ao hospital outros mil tsurus que estavam em sua casa.
Margareth, pelo feito, virou destaque em reportagem do Bom Dia SP, telejornal diário da TV Globo, veiculado na cidade de São Paulo: “Foi uma experiência única, não imaginei que chegaria nessa proporção”, disse a servidora.
Vacinação infantil
Para garantir saúde às crianças e poder amenizar a crise sanitária que assola o país, a vacinação infantil se tornou imprescindível — mais ainda com a recente volta às aulas. De acordo com dados do Governo do Estado, cerca de 55% do público entre 5 e 11 anos (mais de 2,2 milhões crianças), já tomaram a primeira dose da vacina em São Paulo. O consórcio de imprensa aponta que, no Brasil, 23% do público infantil já foi imunizado.
Até que todas as vacinas sejam aplicadas e a saúde de todos esteja protegida, os tsurus seguirão transmitindo esperança para dias melhores.
“Temos esperança de que tudo irá melhorar, mas aí dependerá da consciência de cada um. Vacinação é o primeiro passo, mas a prevenção é essencial e o uso de máscara será para sempre. A cultura tem que mudar, temos que ter empatia, pensar nos outros e respeitar as pessoas que estão em volta. O pior já passou”, completou Margareth.
Margareth posando com os tsurus em papel. Foto: acervo pessoal.
Detalhe do origami de tsuru. Foto: acervo pessoal.
Margareth e filhos reunidos para a confecção dos origamis. Foto: acervo pessoal.
Origami sendo entregue por Margareth à criança no Hospital do Servidor Público Estadual em São Paulo. Foto: acervo pessoal.