Levantamentos recentes registram recente crescimento da representatividade de mulheres autodeclaradas pretas e pardas em instituições de ensino superior
Por Redação
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Anual e da pesquisa de perfil socioeconômico dos graduandos das universidades federais, realizada pela Andifes (Associação dos Reitores das Federais), revelaram que o número de mulheres autodeclaradas pretas e pardas, consideradas minoria social e étnica no país, ultrapassou o número de mulheres das demais etnias e de homens que estudam em universidades públicas no Brasil.
Em 2001, havia 19% de estudantes negras, o terceiro maior grupo de universitários em instituições públicas nacionais, segundo a Pnad. Recentemente, em 2019, esse grupo aumentou para 27%, configurando-se o maior neste espaço.
A pesquisa realizada pela Andifes corrobora que, em 2018, negras constituíam maioria com 28,6%. Como a pandemia de Covid-19 impediu a realização do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nos dois últimos anos, estes dados são os mais recentes.
Em entrevista para a repórter Angela Pinho, publicada, no dia 6 de agosto, na Folha de S.Paulo, Tatiana Dias Silva, do Ipea, disse que a hipótese mais provável para explicar esse crescimento é o efeito das ações afirmativas, em um contexto de maior escolarização das mulheres, já que desde 1990, meninas possuem os melhores indicadores de conclusão escolar. Vale lembrar que, de acordo com um estudo sobre as redes municipais e estaduais no Brasil, divulgado em 2019, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Instituto Claro, meninos têm chance 64% maior de repetir de ano do que meninas.
Apesar da predominância de estudantes negras nas universidades públicas, elas continuam enfrentando desigualdade no mercado de trabalho. Segundo uma pesquisa realizada pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), com base nos dados da Pnad e do IBGE, entre 2016 e 2018, homens brancos com ensino superior têm um salário médio 159% maior do que o de negras que também cursaram faculdade.
Fonte: Folha de S.Paulo