Brasil também apresenta índice menor, apesar da alta taxa de fatalidades: 30 mil vidas por ano; desde o dia 3, país faz campanha por responsabilidade ao dirigir
Por Leandro Silva
Maio Amarelo. Essa é a campanha que chama a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. No Brasil, foi lançada oficialmente no último dia 3 pelo governo federal. A edição deste ano reforça a responsabilidade de salvar vidas e coincide com índices relativamente positivos do país.
No estado de São Paulo, de acordo com dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), houve queda de 32% no número de mortes em acidentes de trânsito nos últimos dez anos. Ao todo, 2.372 vidas foram salvas desde 2010, mesmo com crescimento de 50% da frota de veículos.
As informações são do Infosiga, sistema do Governo de São Paulo gerenciado pelo programa Respeito à Vida. Segundo a apuração, das mais de 2 mil vidas preservadas, 55% foram de ocorrências em municípios paulistas e 45% nas rodovias estaduais.
O Detran enfatiza que essa redução em São Paulo está na direção da meta de 50% estabelecida pela Organização das Nações Unidas, na chamada Década da ONU. Foi a entidade que decretou, em maio de 2011, ações para salvar vidas no trânsito, por meio de evidências científicas de prevenção de acidentes.
Depois, em 2014, o mês foi associado à cor amarela, que simboliza atenção e advertência no tráfego urbano, o que deu origem à campanha — hoje referência mundial para o combate à violência em termos de mobilidade. O Brasil aderiu à iniciativa naquele ano, inclusive projetando tom amarelado no monumento mais famoso do país, o Cristo Redentor.
A campanha Maio Amarelo deste ano foi anunciada pelo Ministério da Infraestrutura, em parceria com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Com o lema “no trânsito, sua responsabilidade salva vidas”, a proposta é conscientizar sobre respeito à faixa de pedestres, os riscos de usar celular no volante e a importância do cinto de segurança.
Indicadores do Ministério da Saúde mostram que, em 2019, o país perdeu cerca de 30 mil vidas no tráfego urbano, taxa que se mantém na média anual. Apesar disso, o governo federal alterou o Código de Trânsito Brasileiro, tornando-o mais flexível. A nova legislação entrou em vigor em 12 de abril. Houve aumento de 20 para 40 pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e da validade do documento.
As medidas são questionadas por especialistas em segurança viária, que dizem que motoristas tendem a cometer mais infrações. Em contrapartida, a lei excluiu a pena alternativa para motoristas alcoolizados que causarem morte ou lesão corporal durante a condução de um veículo. Foi mantida ainda a obrigatoriedade do uso de cadeira retentora para crianças de até dez anos.
NOVAS AÇÕES
Entre os dias 17 e 23 deste mês, a ONU realiza a 6ª Semana Global de Segurança no Trânsito. A chamada "Segunda Década de Ação pela Segurança no Trânsito" vai de 2021 a 2030, com a meta de reduzir pela metade lesões e mortes em todo o planeta. O evento foi batizado de “Ruas pela Vida” (Streets for Life).
A principal bandeira será a defesa de limites de velocidade de 30 km/h como norma em vias onde as pessoas e o tráfego de veículos se misturam, com sinalização ao desenvolvimento sustentável — menor emissão de combustível e promoção da saúde. Os organizadores já usam a hashtag #Love30 em postagens sobre mobilidade urbana.