Desembargador aposentado, Artur Marques integrou a cúpula do Tribunal de Justiça no biênio 2018/2019
Por Leandro Silva
Os anos de dedicação ao serviço público paulista, especificamente ao Poder Judiciário, conferiram ao presidente da AFPESP, Artur Marques, lugar de destaque no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP).
Artur Marques, presidente da AFPESP, e a esposa, Antonieta Marques da Silva, descerram retrato/Foto: Carlos Marques
No dia 3 de junho, seu retrato foi exposto na galeria da vice-presidência do Palácio da Justiça. Desembargador aposentado pelo tribunal, ele desempenhou a função no biênio 2018/2019.
O ato solene de inauguração do retrato teve a presença de magistrados, servidores do Judiciário, representantes civis, militares e de instituições, a exemplo da Secretaria da Justiça e Cidadania.
Artur Marques, presidente da AFPESP, durante discurso/Foto: Carlos Marques
Ao lado da esposa, Antonieta Marques da Silva, o presidente da associação ressaltou a contribuição familiar em sua trajetória. “Quero falar de minha vida extracurricular. E um bom começo é reverenciar a minha família”, disse.
Artur Marques enalteceu os filhos e os três netos, e recordou-se da infância em Sertanópolis (PR), onde nasceu. “Sou um verdadeiro caboclo do sertão. Simples, altruísta e esperançoso.”
O comando da AFPESP também marcou o discurso (leia íntegra abaixo). “Concursos, eleições e disputas sempre fizeram parte de minha vida. São caminhos que permitem uma convivência mais democrática”, concluiu.
Artur Marques, presidente da AFPESP, e Antonio Luiz Pires Neto, 1º vice-presidente da AFPESP/Foto: Carlos Marques
O primeiro vice-presidente da AFPESP, Antonio Luiz Pires Neto, prestigiou o momento de homenagens ao parceiro da Diretoria Executiva da associação.
De acordo com o desembargador Luis Soares de Mello, vice-presidente do TJ-SP no biênio 2020/2021, a atuação de Artur Marques é respeitada tanto na magistratura, quanto na área associativa.
“Ele foi presidente da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis). Sempre atendeu a todos como afeto e atenção, disposto a solucionar quaisquer situações. Por onde passa deixa a marca do profissionalismo e da excelência”, afirmou o orador do evento.
O atual vice-presidente do TJ-SP, desembargador Guilherme Gonçalves Strenger, abriu a cerimônia satisfeito por eternizar a imagem de uma pessoa que dedicou grande parte de sua vida ao Poder Judiciário.
Ricardo Mair Anafe, presidente do TJ-SP; Artur Marques, presidente da AFPESP, e esposa, Antonieta Marques da Silva/Foto: Carlos Marques
Partilhou do mesmo contentamento o presidente do tribunal, desembargador Ricardo Mair Anafe, que conheceu o homenageado no início de sua carreira, em Jundiaí. “Devo boa parte do que sou como juiz a Artur Marques da Silva Filho.”
O retrato recém-inaugurado se soma à fotografia de Artur Marques no corredor da Presidência de Direito Privado, função que exerceu no biênio 2014/2015. Ele ingressou na magistratura em 1978 e tomou posse como desembargador do TJ-SP em 2005.
Retrato inaugurado na Galeria da Vice-Presidência do TJ-SP
Compareceram o corregedor-geral da Justiça de São Paulo, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia; o presidente da Seção de Direito Privado, desembargador Artur César Beretta da Silveira; o presidente da Seção de Direito Público, desembargador Wanderley José Federighi; o secretário-executivo da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania, Luiz Orsatti Filho; a defensora pública coordenadora do Núcleo Especializado de 2ª Instância e Tribunais Superiores, Luciana Jordão da Motta Armiliato de Carvalho; o presidente da Federação Latino-Americana de Magistrados (Flam), desembargador Walter Barone; o coordenador do Museu do TJSP, desembargador Octavio Augusto Machado de Barros Filho; o diretor-secretário da Apamagis, juiz Ademir Modesto de Souza; o vice-presidente do TJSP no biênio 2016/2017, desembargador Ademir de Carvalho Benedito; o vice-presidente da Associação dos Advogados de São Paulo (Aasp), Eduardo Foz Mange; o delegado-chefe da Assessoria Policial Civil do TJ-SP, Fábio Augusto Pinto; o chefe da Assessoria Policial Militar do TJ-SP, coronel PM Sidney Mendes de Souza; o 2º tenente do Exército Renato Paolillo; entre integrantes do Ministério Público, defensores públicos e outros.
Veja o discurso do presidente da AFPESP na íntegra
Nesta reunião, inaugura-se o retrato de mais um vice-presidente do TJ.
Estou comovido e muito honrado.
Desde logo, quero agradecer de um modo muito carinhoso a alegria que me propiciam em vê-los. A Nieta, tenho certeza, também participa.
Convite aceitamos ou não! Acolheram este chamado.
As palavras do Dr. Luiz Soares expressam minha vida curricular na magistratura, no ensino superior e no associativismo. Há, em tudo, certo exagero, próprio da estima e de nossa vivência, em comum, nos encontros, sobretudo quando juntos, por eleição, atuamos no O.E. Lembro-me que o consultava quando eu relatava processos criminais. Eu dizia a ele, Luisinho, nesta matéria, você é meu orientador. E acolhia suas observações.
Gostaria de falar com o coração. Mas optei por escrever algumas palavras, temendo que a emoção contaminasse minha fala e me perdesse.
Quero dizer-lhes um pouco de minha vida extracurricular. E um bom começo é reverenciar minha família. A Nieta foi sempre a minha direção. Foi a minha fortaleza, nestes mais de quarenta anos. Com muita discrição e carinho conduziu com mão firme e muita tolerância as nossas vidas: a minha, de meus filhos e atualmente de meus três queridos netos. De sua doçura não se enganem, ela é firme educadora. Lembro-me que certa feita, meus dois filhos estavam no banheiro e começaram a brigar. A Nieta, com voz grave e aguda, gritou: Artur, os meninos estão brigando. Fui ao banheiro e, tirando o cinto, disse-lhes: vou passar-lhes o cinto. E passei o cinto em cada um deles. Eles riram e acabou-se a briga. Mas a dona Nieta, de forma severa, disse: É assim que você educa nossos filhos? Fiquei silente e o tempo passou.
Vou falar um pouco mais de mim.
A primeira infância vivi entre Sertanópolis, no Paraná, onde nasci, e Caconde, na Alto Mogiana. Os ascendentes maternos eram italianos e vieram, como os colonos, trabalhar na cafeicultura.
Com a quebra da monocultura cafeeira os italianos e meus avós seguiram na busca da “terra Rossa” e de Caconde se deslocaram para Sertanópolis, onde se estabeleceram. É interessante ressaltar que as famílias se uniram: a irmã mais velha de meu falecido pai casou-se com o irmão mais velho de meu avô, e meu pai casou-se com a filha mais nova do vovô. Juntos e misturados partiram para outras terras, com o espírito próprio dos imigrantes.
Tenho parentes em ambas as cidades e as frequento sempre que posso: Sertanópolis e Caconde tornaram-me um verdadeiro “caboclo do sertão”- simples, altruísta e esperançoso.
Na época do primário, continuei no interior, em Bragança Paulista, onde fiz o curso primário (hoje ensino fundamental) e, após aprovação no exame de admissão, cursei o ginásio. Em seguida, prestei exame e fui admitido em outro estabelecimento interiorano: Escola Agrotécnica Dr. Carolino da Motta e Silva, na cidade de Espírito Santo do Pinhal. Para realizar os exames fiquei hospedado numa pensão, onde convivi com outro estudante, um pouco mais velho, que tinha uma Romi-Isetta, meio de nosso transporte da cidade para escola. Neste mesmo ano, prestei exame no CFA, hoje Academia do Barro Branco, da Polícia Militar. Os cursos me habilitaram a tornar-me oficial. Assim, antes de ingressar na magistratura, exerci as funções de Comandante do Destacamento Rodoviário de Jundiaí, como Tenente e como Capitão, fui o Comandante da Companhia de Policiamento Rodoviário, situada em Campinas.
Como pessoa, às vezes, eu vivia um paradoxo: era militar comprometido, mas debatia comigo mesmo o cumprimento de certas regras. Preferia o lado de minha origem italiana: contrariar normas. Era até um pouco anarquista.
Aprendi muito cedo e por que não dizer, com certo sofrimento, que deveria ser participativo, apesar de minha notória timidez, própria do interiorano. Reuniu-se em mim: a simplicidade do caipira e tenacidade do imigrante. Procurei e procuro ser justo e perfeito.
Concursos, eleições e disputas, portanto, sempre fizeram parte de minha vida. São caminhos que permitem a convivência mais democrática igualando-se às pessoas pelo conhecimento e esforço.
No curso da minha existência no serviço público, se cometi falhas, peço a todos que me relevem à conta de erro involuntário, derivado da fraqueza humana. Obtido este perdão, tenho que confessar: fui e sou muito feliz nas várias funções que exerci na Polícia Militar, na Magistratura, no Ensino Superior e no Associativismo. E, quando se aproximava a minha aposentadoria, comentava com a Nieta: agora vou fazer o que mais gosto, ficar com meus filhos e netos. Viajaremos juntos! No entanto, chamado por um grande amigo que têm escritórios em São Paulo, Rio e Brasília, fui convencido de que não poderia deixar de trabalhar. Deveria advogar.
Animado pelo convite, me inscrevi na OAB e estava preparando a P.J.
Porém, ainda, me reservava a vida outra missão. Isto é, fui chamado pelos amigos do Conselho da AFPESP, no qual já participava há doze anos, e convenceram-me a participar de outra eleição. Eleito presidente da Diretoria Executiva da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo, maior entidade de servidores públicos da América Latina, convenci meu amigo (Advogado) que ainda não era chegada a hora de advogar.
Agradeço, sem mágoa ou rancor, a todos com quem convivi, a Deus, pai de todas as luzes, e à família, de um amor incalculável.
Muito obrigado!