Campanha visa promover o check-up cardiológico e incentivar estilo de vida saudável para diminuir fatores de risco de enfermidades do coração
Por Redação
O mês de setembro traz consigo uma iniciativa de grande relevância para a saúde da população brasileira: a campanha Setembro Vermelho. Idealizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a iniciativa tem como objetivo chamar a atenção para os cuidados do coração e a importância da prevenção das doenças cardiovasculares.
A escolha do mês de setembro para essa campanha está associada ao Dia Mundial do Coração, que ocorre em 29 de setembro. A data, estabelecida em 2000 pela Federação Mundial do Coração, com apoio das Nações Unidas (ONU), também foi criada visando promover iniciativas a favor da saúde cardíaca, em escala global.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, vitimando cerca de 17,5 milhões de pessoas por ano. As projeções da OMS indicam que até 2030 esses números possam aumentar, resultando em mais de 23 milhões de mortes anuais em decorrência dessas enfermidades.
No Brasil, a situação é igualmente preocupante. O “cardiômetro”, ferramenta desenvolvida pela SBC, registra em tempo real o impacto das doenças cardiovasculares no país. De acordo com dados da plataforma, nos primeiros oito meses de 2023, mais de 268 mil pessoas perderam suas vidas devido a problemas cardíacos. A estimativa é que mais de 400 mil mortes aconteçam até o fim do ano.
Diante dessas estatísticas alarmantes, um dado positivo desperta atenção: conforme indica a OMS, cerca de 80% das enfermidades cardiovasculares podem ser evitadas por meio de medidas preventivas, acompanhamento médico apropriado e modificações no estilo de vida da população.
Principais doenças cardiovasculares
Entre as principais enfermidades que afetam o coração, destacam-se:
– Infarto agudo do miocárdio (IAM): popularmente conhecido como ataque cardíaco, essa enfermidade ocorre quando um coágulo bloqueia abruptamente o fluxo sanguíneo, resultando na morte das células da região afetada e potencialmente levando à morte súbita do paciente.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 300 mil pessoas sofrem um infarto agudo do miocárdio a cada ano, com taxa de mortalidade de aproximadamente 30%. A pasta prevê aumento de até 250% nos casos da doença até 2040.
Os sintomas comuns incluem dor persistente no peito, desconforto na área do estômago, costas ou braço esquerdo, dificuldade respiratória e sudorese fria.
– Acidente Vascular Cerebral (AVC): o AVC ocorre quando os vasos sanguíneos que fornecem sangue ao cérebro ficam obstruídos ou se rompem, resultando na paralisação da região cerebral afetada pela interrupção do fluxo sanguíneo.
Conforme o Ministério da Saúde, o AVC afeta mais os homens e é uma das principais causas de óbito, incapacidade e internações em todo o mundo.
Os sintomas comuns são: confusão mental, fraqueza ou formigamento em um lado do corpo, dor de cabeça súbita e intensa, alterações na fala, perda de visão em um dos olhos e desmaios.
– Insuficiência cardíaca: também denominada insuficiência cardíaca congestiva, essa condição surge quando o coração não consegue bombear sangue em quantidade suficiente para atender às necessidades do organismo, resultando no acúmulo de líquido nas pernas, pulmões e outros tecidos.
Os sintomas comuns incluem falta de ar, inchaço nas pernas e pés, ritmo cardíaco acelerado, fadiga excessiva e tosse seca.
– Aterosclerose (doença arterial periférica): caracterizada pelo estreitamento ou bloqueio de artérias nas pernas (ou, raramente, nos braços), a aterosclerose resulta em fluxo sanguíneo insuficiente para os tecidos, levando à isquemia. Quando uma artéria é obstruída de maneira súbita ou total, o tecido irrigado por ela pode entrar em necrose.
Sintomas comuns envolvem dor na panturrilha, dificuldade de cicatrização em feridas nas pernas e pés, bem como dedos que ficam arroxeados, pálidos e frios.
– Arritmia cardíaca: essa condição está relacionada a alterações no ritmo dos batimentos cardíacos. Quando os batimentos se tornam consistentemente irregulares, há um impacto negativo nas funções cardíacas e no funcionamento geral do corpo. A doença pode desencadear problemas graves, como mal súbito e parada cardíaca.
Sintomas frequentes incluem palpitações, tonturas, desmaios, fraqueza, pressão arterial baixa, confusão mental e dor no peito.
Segundo a OMS, cerca de 80% das enfermidades cardiovasculares podem ser evitadas por meio de medidas preventivas, acompanhamento médico e mudança de estilo de vida. Foto: iStock.
Fatores de Risco
Diversos elementos são considerados fatores de risco ou de suscetibilidade para doenças cardiovasculares. São eles:
– Consumo excessivo de álcool: o álcool atua como um depressor do sistema nervoso central, e o seu uso prolongado e abusivo pode acarretar numerosos danos à saúde. Isso inclui um aumento no risco de condições como insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, AVC, entre outras doenças.
– Níveis elevados de colesterol: o colesterol desempenha um papel crucial na produção de hormônios como vitamina D, testosterona, estrógeno, cortisol e ácidos biliares. No entanto, níveis elevados de colesterol no sangue são prejudiciais à saúde, podendo levar à formação de placas de gordura nas paredes das artérias, dificultando o fluxo sanguíneo ou até mesmo os bloqueando.
– Diabetes: a condição diabética surge quando o corpo não consegue produzir insulina, o hormônio responsável por regular os níveis de glicose (açúcar) no sangue, ou quando não consegue usar eficientemente a insulina produzida. Se não controlada, a doença pode ocasionar hipertensão, AVC e infarto.
– Estresse: o estresse pode ser ocasionado por diversos fatores da vida cotidiana e seu excesso merece atenção, pois podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares. Os sinais de estresse demasiado incluem tremores, batimentos cardíacos acelerados, transpiração excessiva, tontura e respiração rápida.
– Hipertensão: a hipertensão arterial é uma doença que ocorre quando a pressão sanguínea nas artérias está anormalmente elevada. O coração é especialmente afetado pelo descontrole da pressão, uma vez que pode não receber sangue e oxigênio suficientes, potencialmente levando a AVC, infarto e insuficiência cardíaca.
– Estilo de vida sedentário e obesidade: a obesidade está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, problemas articulares, hipertensão, diabetes, entre outras condições. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, 60% dos adultos brasileiros apresentam sobrepeso, com um em cada quatro sendo classificado obeso.
– Tabagismo: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável no mundo. O hábito de fumar está ligado ao desenvolvimento de mais de 50 doenças, como enfermidades cardiovasculares, por exemplo.
Prevenção
A prevenção para doenças cardiovasculares está diretamente ligada com a adoção de hábitos saudáveis, como:
– Atividade física regular;
– Dieta equilibrada, rica em alimentos que reduzem o colesterol ruim e pobre em sal e açúcar;
– Gerenciamento do estresse e busca por um ritmo de vida mais tranquilo;
– Abstenção do tabagismo e moderação no consumo de álcool;
– Consultas médicas regulares e exames para monitorar a saúde cardíaca.
A importância do check-up cardiológico
O check-up cardiológico é fundamental para identificar e prevenir condições cardiovasculares antes que elas se agravem. Exames como eletrocardiograma (ECG), teste ergométrico, holter 24 horas, ecocardiograma com doppler e monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) auxiliam no diagnóstico e monitoramento.
Quando o paciente tem histórico familiar de doença do coração ou está associado a algum fator de risco, a recomendação é realizar os exames aos 20 anos, aproximadamente. Na ausência dessas condições, o indicado é que os homens comecem a fazer o check-up a partir dos 35 anos e as mulheres aos 40 anos.