A palavra escravidão, na Idade Antiga, os hilotas, eram considerados propriedade do Estado independentemente de sua cor. Já na Era Moderna, a escravidão se baseia no forte preconceito racial. Embora a escravidão tenha sido abolida em quase todo o mundo, ela ainda continua existindo de forma legal no Sudão. Em outros países temos a discriminação de forma velada. Nós já sabemos que em qualquer parte do mundo a Colonização se deu de forma truculenta e não convidativa ao povo nativo daquela região. Todos os continentes, sem exceção, viveram seus períodos de massacres, em que o povo vitorioso impunha a sua cultura naquele território dominado, que já tinha uma identidade. Alguns povos resistiram e conseguiram manter suas tradições, outros moldaram seus costumes e até aprimoraram seus recursos expandindo e diversificando a linguagem cultural.
A pintura, a escultura, os mosaicos, por exemplo, e os desenhos rupestres de então, considerados como os primeiros registros dos homens mais antigos, são ainda as nossas referências históricas. Infelizmente, com as lutas de supremacia, o homem destruiu muitos destes artefatos, que hoje só podemos apreciá-los em alguns livros mais antigos. Até a Revolução Industrial explorou muito da mão de obra escrava proporcionando de forma tortuosa o progresso de uma Nação. Para apimentar o nosso Período Contemporâneo mesclado, temos as imposições de novos movimentos extremistas, que estão dando outras vertentes para a história antiga. Esse novo esboço é um caminho de garatujas altamente perigoso e, posso afirmar também, até destrutivo para uma sociedade justa e avançada, pois assistimos vândalos julgando, depredando e destruindo obras de arte, até de personagens históricos que deixaram um legado inestimável para a humanidade. Querendo ou não, é um patrimônio cultural de valor imensurável. Tem gente que até hoje usa da Santa Inquisição como sua sentença de justiça, e isso obviamente está gerando o caos social, que só se alastra.
O ódio e a sede de vingança estão correndo nas veias destes sanguinários, que não viveram o período da escravidão, mas se sentem injustiçados e querem penalizar os outros descendentes, que não tem culpa alguma das ações de seus ancestrais. A sociedade hodierna está cada vez mais esquizofrênica. Rebeliões camponesas e urbanas se juntam sem nenhum propósito fundado. Qualquer coisinha inflama as emoções desses combustíveis desumanos. Não precisa nem de fósforo, basta o vento da verdade assoprar para um lado do horizonte para que a neblina tempestuosa engula o cenário com total requinte de estupidez. Uma geração que se formata dentro da incerteza, se manterá fragilizada diante do progresso. O país não cresce, a dignidade apodrece, pois onde há desordem, há ruptura de valores, e o diálogo some neste campo de guerra completamente minado de overdoses.
Emerson Zalotti ocupa a cadeira nº 13 de Artes da ALCA, cujo patrono é Heitor Villa Lobos.
Reside em São Paulo, capital; é professor e artista plástico, bacharel em Artes Plásticas.