A mitologia é fonte de conhecimento idealizado desde os primórdios da criação e os movimentos de todos os seres. Assim, tudo o que existe na terra, no ar, no mar, no céu, ou seja, na natureza, adquiriu vida e movimento pela criação divina.
O mar está cheio de vida interior e é navegado, as terras são férteis porque em tudo o que existe embaixo delas há vida e favorece a paz aos mortais. No céu, surgiu a luz do sol, o brilho das estrelas, as fases da lua e a claridade da luz serena. No ar, os ventos, as nuvens, os nevoeiros, a chuva e a saudação dos pássaros.
Sobre terra, as substâncias geradoras de vida, a plantação que alimenta os seres, o ornar das mimosas flores, os animais, os rebanhos atravessam os campos e os rios, os homens que com suas carícias derramam de suas bocas suaves palavras sobre o bem comum, o amor, a alegria, a leveza da religião e o pensamento.
No mar, a vida em ebulição das torrentes, das ondas, dos peixes, tubarões, baleias, arraias e toda diversidade de vegetação como as algas.
E assim, a terra, o céu, o ar e o mar eram paraísos, hoje, inimagináveis. Porém, tudo e todos tinham um limite fixo que foi temporariamente obedecido. Entre tantas criações, de uma só religião do bem, apareceram muitas religiões que produziram ímpias e celeradas ações como a mancha de sangue com sacrifícios humanos, vítimas inocentes em altares malditos deixando lágrimas derramadas e o aparecimento do medo. Assim foi perturbado o curso da vida envenenando a tranquilidade e fixando a infelicidade dos fanáticos. Estes não temem o inferno após a morte nem o destino de suas almas. Portanto, uma nova ordem deveria ser repensada, ativada para renovar aquele paraíso perdido na terra, no ar, no mar e no ar para todos serem novamente exaltados no céu.
Irene Zanette de Castañeda é integrante da Academia de Letras, Ciências e Artes da AFPESP, ocupando a cadeira nº 01 de Letras; doutora em Literatura Portuguesa e Brasileira; mestra em Estudos Literários; escritora; poeta e colunista do Jornal Primeira Página de São Carlos/SP.